Origens, estruturação e delegadas pioneiras no enfrentamento à violência de gênero no Amazonas

A criação da Delegacia de Crimes Contra a Mulher (DCCM), instituída pelo Decreto nº 10.347, de 07 de julho de 1987, representou um avanço histórico no combate à violência de gênero e na promoção dos direitos das mulheres no Estado do Amazonas. Foi uma das primeiras unidades especializadas do país a tratar de forma sensível e técnica os casos de violência doméstica, sexual e outras formas de agressão contra a mulher.

A implantação da DCCM concretizou uma demanda social crescente por mecanismos institucionais de proteção e apoio às vítimas, inserindo a Polícia Civil em um novo paradigma de atuação: o da escuta qualificada, da humanização do atendimento e da responsabilização dos agressores com base em políticas públicas de gênero.

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Delegadas pioneiras e contribuições históricas

A consolidação da DCCM foi marcada pela atuação de delegadas que desempenharam papéis fundamentais na organização e fortalecimento da unidade:

  • Maria das Graças Gaspar de Melo ingressou na Polícia Civil por concurso público em 7 de dezembro de 1989. Assumiu a titularidade da DCCM em 19 de junho de 1991, tornando-se uma das principais referências na defesa dos direitos das mulheres na instituição. Exerceu o cargo por quase cinco anos, sendo exonerada a pedido em 14 de maio de 1996 para assumir o cargo de Promotora de Justiça, função que desempenhou até seu falecimento, em 30 de abril de 2016.

  • Maria Júlia Belota Lopes, nomeada Delegada de Polícia em 29 de janeiro de 1991, passou a exercer a função de Superintendente da DCCM ainda no mesmo ano, destacando-se por sua liderança e envolvimento com a causa da mulher desde o início de sua carreira.

  • Gracinda Maria Wallace Lopes, integrante da Polícia Civil desde 1989, esteve entre as primeiras delegadas a responder pela DCCM em 1991, contribuindo com a implantação das rotinas de atendimento e protocolos operacionais da unidade especializada.

  • Maria das Graças Silva, nomeada delegada em 27 de junho de 1991, passou a atuar como plantonista da DCCM a partir de 21 de setembro de 1992, reforçando o atendimento 24 horas às vítimas e o acolhimento nos momentos mais críticos de violência.

A nova sede da DCCM: marco simbólico e institucional

Em reconhecimento ao trabalho dessas delegadas e da importância crescente da delegacia, o Governo do Estado do Amazonas, sob a gestão do então governador Gilberto Mestrinho, inaugurou em 26 de março de 1992 a nova sede da DCCM, situada no bairro Parque 10 de Novembro, em Manaus. A solenidade foi amplamente divulgada na imprensa e marcou um novo capítulo na história da segurança pública amazonense.

Legado institucional

A atuação dessas mulheres pioneiras foi fundamental para a consolidação da DCCM como espaço de escuta, proteção e justiça para mulheres vítimas de violência. Suas trajetórias seguem como referência de profissionalismo, empatia e compromisso com os direitos humanos, sendo homenageadas hoje na memória institucional da Polícia Civil do Amazonas.

Fonte: Jornal “Amazonas em Tempo”, 29 de março de 1992.

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